#75


 “… Em sua mente se passavam tantos pensamentos que ela mal podia se concentrar em um, os olhos vagavam sombrios e distantes em direção as luzes da cidade, sua respiração entrecortada indicava que logo viria o choro, seus braços já estavam ao redor de suas pernas, abraçando a si mesma em meio ao caos, ela sabia tudo que viria a seguir, sabia que era mais uma crise angustiante e cheia de dores, sabia que se afogaria chorando baixinho no seu próprio dilema, sabia que não poderia mais ficar ali…. Mesmo depois de tanta luta para chegar onde estava.

 Outra vez o relógio marca 03:45 da manhã, outra vez os sons da cidade vão diminuindo, outra vez as pessoas vão adormecendo e outra vez ela se vê sozinha em meio a escuridão e o silêncio do mundo.

 Todo o caos que a rodeia já era previsto, afinal ela estava feliz a muito tempo, a felicidade já havia deixado ela mal acostumada, era tarde demais para deter o pensamento de que ficaria tudo bem, mesmo sabendo que logo tudo iria desmoronar…. É sempre assim, não demora muito e tudo está em ruínas, seus pedaços espalhados e o recomeço é inevitável.

 Ela já passara dos 30 e tantos anos, está cansada dessa vida de vai e vem, dessas muralhas rachadas e de todos os desamores que a rodeiam, ela vai tentar uma última vez, sempre é a última vez, até não ser mais, até o silêncio a consumir por completo, até que sua última crise a sufoque permanentemente e sua consciência não se recupere do choque, até que seja enfim seu último adeus, até que ela finalmente descanse e se encha de paz….”


#GDOV

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